Mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros são produzidos pela agricultura familiar. Estimular o cultivo agroecológico nas áreas urbanas é um dos objetivos do trabalho desenvolvido pela Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa – entidade que atua desde 1984 na capital fluminense. A experiência da AS-PTA foi apresentada na tarde quinta-feira (2) aos participantes do painel sobre Tecnologias Sociais da 9ª Expo Brasil Desenvolvimento Local.
De acordo com Márcio Mendonça, que representou a entidade no evento, a atuação da AS-PTA no âmbito das cidades começou em 1999. “Nós trabalhamos em parceria com as famílias, além de organizações locais e instituições de ensino da Região Metropolitana do Rio. Muita gente tem uma horta em casa. A agroecologia urbana existe mesmo sem nenhum incentivo e queremos que ela cresça”, ressaltou.
Diante de um público plural, formado por estudantes, artesãos, agricultores e especialistas de todo o país, o debate avançou com a apresentação de uma outra Tecnologia Social voltada para a agricultura familiar: o sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais). A proposta foi apresentada por seu próprio idealizador, o pesquisador senegalês Aly N’Diaye. De acordo com ele, a Pais pressupõe a produção agroecológica de hortaliças, frutas e pequenos animais.
A irrigação é feita por meio de um esquema de gotejamento, que evita o desperdício de água – o que amplia o sucesso do modelo Pais até mesmo em regiões como a do Semiárido brasileiro. Outro aspecto importante, ressaltou Aly, é que os alimentos cultivados sejam sempre escolhidos de acordo com o conhecimento do produtor e das potencialidades da região.
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Mulheres do campo
Pulando do ramo da agricultura para o de artesanato, o painel expôs o Projeto Roçarte – que nos próximos dois anos irá capacitar 333 mulheres da zona rural no Noroeste fluminense para trabalhar com atividades manuais com foco na geração de trabalho e renda. “Vamos ensinar assentadas, pescadoras e trabalhadoras do campo a terem uma nova profissão, que possa, inclusive, complementar o trabalho que elas já fazem”, explicou a artesã Nelly Carvalho.
De acordo com Nelly, a ideia é trabalhar com materiais que façam parte da realidade onde as mulheres estão inseridas. “Com as pescadoras, por exemplo, podermos usar couro de peixe para fazer bolsas e outras peças”, destacou, acrescentando que o reaproveitamento ecológico da matéria-prima está no centro do Projeto. “Queremos que as mulheres não apenas aprendam conosco, mas que sejam multiplicadoras desse conhecimento. Os artesãos costumam ser muito individualistas, mas o mundo mudou e quem não começar a trabalhar em grupo certamente ficará para trás”, afirmou.
Por Nanda Barreto, da Assessoria de Imprensa da Expo Brasil