Cooperativas de sete estados do País e federações da Argentina e Uruguai participaram do encontro setorial da Construção Civil, promovido pela UNISOL Brasil. A reunião foi realizada no auditório do Espaço Celso Daniel, em São Bernardo, entre os dias 27 e 28 de março. Entre os objetivos do evento está a troca de experiência entre as cooperativas e a construção de ações em curto, médio e longo prazo, em benefício dos empreendimentos e da própria população que carrega o sonho de conquistar a casa própria.
Cada cooperativa que participou do encontro realiza trabalho de importância social para a comunidade local. Alguns já atuam na construção de moradias, outros na parte de mão de obra e compra de matéria prima. De acordo com o secretário geral da UNISOL Brasil, Marcelo Rodrigues, o mercado habitacional está aquecido, no entanto, existe certa dificuldade para que os programas do governo atenda a população de baixa renda, que recebe até três salários mínimos.
Durante estes dois dias de debate muito tem se falado em moradias com tempo de construção mais curto e a preço justo. Para Nelsa Fabian Nespolo, diretor do Difesol (Departamento de Incentivo e Fomento à Economia Solidária) do governo do Rio Grande do Sul, o encontro setorial da Construção Civil trabalha em dois princípios, sendo que um deles é habitação com qualidade de vida. “A qualidade da moradia significa muito para as pessoas e vai além da geração de emprego e renda”, mencionou.
As experiências do Uruguai e Argentina tem sido inspiradoras para o Brasil. Conforme explicou o coordenador do setorial da Construção Civil na UNISOL, Jair Antunes, a participação internacional é muito importante dentro deste debate. Outro ponto levantado por ele é a necessidade de se construir diagnóstico da realidade do setorial no Brasil. “A casa própria não pode ser vista como mercadoria, ela precisa ser vista como um direito do trabalhador”, disse Antunes.
Silvana Méndez, presidente da Federação de Cooperativas de Trabalho de Entre Rios, na Argentina, contou que desde 2004 atua construindo moradias sociais. Já atenderam 538 cooperativados e mais 2 mil cooperativados pelo Programa Argentina Trabalha, desempenhando também atividades como a recuperação de edifícios públicos e pintura de vias públicas. “O Brasil é uma potência muito grande na área do cooperativismo e o encontro é um meio de conhecermos a tecnologia utilizada por alguns empreendimentos para construção de casas”, afirmou Silvana.
Há cinco anos Maurício Magdaleno integra a Federação de Cooperativas de Produção do Uruguai. O trabalho dele e dos outros associados se baseia na fabricação de carpetes, tapetes, venda e aplicação de pisos de madeira e parte de carpintaria, entre outras atividades. Em agosto deste ano o grupo da Federação apresentará projeto para melhorar as condições de trabalho, diminuir o tempo de construção das casas e o custo. “Uma casa demorava de oito meses a um ano para ser construída, mas queremos diminuir este prazo para 20 dias”, observou Magdaleno.
Formado em Arquitetura e Urbanismo no Uruguai, Leonardo Roque Bernini levou uma vida de dificuldades e perseguição. Após quatro anos refugiado na Holanda por conta da Ditadura Militar, ele se encontrou no Brasil e é aqui que desempenha trabalho de grande relevância. Hoje ele é coordenador geral do Centro de Assessoria Auto Gestão Popular, em Florianópolis. “O importante é ter mão de obra cooperativada e especializada para atuar nos mutirões que estão acontecendo em todo o País”.
Confira a reportagem da TV dos Trabalhadores sobre o encontro: